Saturday, December 31

CXXVII

Encontro com o abstracto

A virtualidade que transparece
de uma pura gota que me aquece
é a imortalidade da nuvem branca
que não faz bela a ferida que não estanca!
Trocava um presente teu
pelo não sofrimento meu,
porque a dor é intensa
e a trago no meu peito
como de alimentos
está cheia uma despensa!
Articulado, o presente esquece
enquanto o poeta escreve a vida
de modo a que a ninguém interesse
viver sem achar a sua alma mais querida!
Encontro um campo de narcisos
e enlouqueço com seus egocêntricos sorrisos,
perco a vista ao olhar para todos
aqueles virtuais loucos, mais que loucos!
Vivo sem cegar por completo,
mas cego, de cegueira estou repleto,
porque não acho o caminho ideal
para fortalecer a relação máxima total!
Batalhar sem morrer
é como viver sem comer,
porque o objectivo de uma guerra
é sempre a mortalidade que,
com sua voz aguda, chega e para sempre berra!

23/02/2003

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