Thursday, April 6

CLXXIX

Sopra o vento interior

Vento na minha derme,
tão fundo chegas em mim,
superas a camada superficial,
és, de todos modos, sem igual!
E tortura imperdoável
é a de manter longe, sim,
tudo o que sonhei até agora,
vivendo amando, indiscutível!
Não te vejo como um verme,
destino impiedoso, duro, vil,
mas não há dúvidas, ganharias
mais se comigo fosses gentil!
Assim vejo-me forçado
a derrotar as tuas cavalarias,
infantarias, exércitos, armadas,
vingança fútil de almas danadas
como a minha, que te desacredita
sempre, hoje, porque incita
ao desrespeito por ti, malvado!
Peço-te que me mostres
casamento ou divórcio,
com anel ou solteiro estou,
mas nunca menos lhe dou,
quem merece, tu, honras recebe,
não há espaço para o remorso!
Vive, amigo d'outrora meu,
encanta esse mundo de breu
e com a luz que não se apaga,
transforma em paz a mor praga!
Quando as palavras querem sair,
não no mundo há que as contenha,
nem dos altos mundos o vizir,
nem dos baixos mundos a desdenha!

01/06/2005

No comments: