Melodia 7 E
Elipses de movimento descontrolado,
fujo e enfrento o meu medo de lado,
falta a coragem para lutar de frente
para ele, falta que em mim seja crente!
Encarcerado numa prisão de raízes,
vejo escapar os momentos felizes
sem que culpa tenha eu disso,
sinto que ainda respiro, aliviado
por ver que ainda a isto resisto!
Entumescência interior eu tenho,
desde o cume ao sopé do monte,
quem me beija a alva fronte
tem que estar certo do meu valor,
tem que saber que necessito fulgor,
não aceito estar com o de espírito roufenho!
Envolto em véus que da pureza me escondem,
penso nas minhas vontades, no que respondem
as vozes internas que habitam em mim
e lembro-me que nunca fui assim,
apesar de o ser agora, neste instante,
o que leva alguém a mudar radicalmente
como talvez eu tenha mudado, aberrante!
Estarei eu karmikizado para ficar
estagnado a inspirar veneno vil
que me obriga a esticar o pernil
na hora em que eu menos quero,
no momento em que todo o severo
destino me empurra para o lugar
mais frio que existe, a minha alma
resiste, mas tudo o que subsiste é calma!
Exasperante agitação que nunca vem,
procuro ajuda de aquém e além,
analiso e depreendo por observação
do evidente que ela não chegará,
a menos que eu cometa a traição,
que eu engane o amigo de todas horas,
aquele com quem vivo ao deus dará,
nunca me deu a comer das doces amoras
que cultiva com tanto amor no seu pomar!
Escurecido pelo tempo bom corredor,
deixa o carinho a quem o quer receber,
espalha pelo mundo a lei do prazer,
cala a boca que discorda do amor,
mata o vício crescente da violência,
suaviza a feroz humana concorrência,
ensina que esperar nem sempre atrasa,
mostra a todos o caminho de volta a casa,
entrega o seu coração numa bandeja
e diz, já fui, agora quem quiser, que seja!

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