Sunday, December 31

CCLVI

Dgora dgora

Não é algo que me agrade,
mas não serei eu quem te limite,
entendo que será uma tradição,
mas não aprovo, te peço perdão!
Parece-me algo que abusa
de valores que considero meus,
por isso não posso e recusa
a minha alma a tomar como seus
produtos nefastos ao meu organismo!
Não te preocupes, amor,
são coisas que têm a sua base,
toda a montanha tem o seu cume,
o vulcão pode perder o seu fulgor,
mas prefiro não o reacender
de forma artificial, me recuso!
Amo-te, meu urso, mas não
entendo como és capaz de o
fazer, desculpa, mas não consigo!

25/12/06

Saturday, December 30

CCLV

As mãos de Morfeo

A realidade fugiu das mãos
de Morfeo, felizmente para nós,
porque seria um inferno sem perdão,
porque seria injustiça, vilões nós
não somos e nos amamos, então
deixai-nos viver, unido-nos as mãos!
Acaba a noite, mas não acaba
a felicidade, diferente foi e feliz
estou, pois nunca há forma de sacar
as entranhas do nosso mundo, diz
a natureza que Deméter faz florecer
as plantas de um outro universo,
aquele a que pertencemos, eu e tu!
Todas as cinzas do passado se esfumam
ao ver os teus olhos, luz do meu dia,
noite e tarde, deixa de fora o
desgosto que passou, as notas vibram!

25/12/06

Friday, December 29

CCLIV

Na distância os sonhos

Sonhos maus, curta distância de ti,
coisas que acontecem, ver-me ali
despojado de toda a minha vida
em frente a todas as pessoas
que a cada dia, reluzente ou não,
me fortalecem, me reconstruem, me dão
tudo o que necessito, lágrima caída!
Fugaz noite que passou sem eu notar,
estavas a meu lado, mas pouco devagar
saíste de esse ponto, eu entrei
noutro mundo e me assustei com
o que vi, queria falar contigo,
mas quando dei conta, estavas fora do abrigo!
Coisas que acontecem, marcam, aquecem
o fogo do vulcão das memórias futuras
e daquelas que, por enterradas, duras
se fizeram, ainda bem que te tenho!

24/12/06

Thursday, December 28

CCLIII

Névoa do monte

A neblina esquiava pelos montes,
deslizando suavemente pelo corpo
rochoso do vale, deixando aos ventos
a tarefa de arejar o espaço exterior,
encontro em ti o inquebrável copo
vale que me acolhe quando o vento
areja demasiado, para sul ou para norte!
E estar ao teu lado é como ver
a neblina carinhosamente lamber
o desejado corpo do vale,
como eu entendo o que
a nossa relação vale!
Cada dia que me levas ao núcleo
do teu ser, passado, presente e futuro,
eu me sinto dentro dos dois últimos,
porque é algo que quero,
por ti até com a feroz hidra luto!

20/12/2006

Wednesday, December 27

CCLII

Cubo gelado feliz

O gelo conformando estruturas
que entregam calor ao que me rodeia,
círculo completo que me ateia
a fogueira de tudo o que sinto
pelo amor dos meus belos dias!
Existem montanhas, espaços vazios,
mas o que não está presente, frios
cumes de inveja, ódio, cobiça,
que se afastem do meu mundo,
que a vida do meu coração siga!
O sol vem de trás da lua,
cada dia vivo com a minha tua
alegria, que a trazes tu desde
os confins dos mares lunares,
extensos são os mares de emoções,
agarro com as mãos os felizes torrões
de tudo o que me dás, essências de amor!

22/12/2006

Saturday, December 9

CCLI

Nuvens-Vento-Silêncio

As nuvens do céu arenoso
moviam-se, atacando-me sem dó,
pensando que estava bem só,
mas enganam-se, pois sozinho
eu não estou e à sua força resisto,
deixando-lhes apenas uma opção,
rebaixar-se a ser do mar chão!
E a voz que vou ouvindo
é a tua, carinhosa, forte
que me sussurra palavras, vento
que faz do meu corpo areia móvel
que desliza sobre o teu corpo
tal como as nuvens o faziam ali!
E regresso cada dia a ti,
porque as nuvens se reforçaram,
com inveja do nosso amor me expulsaram
e eu para sempre feliz contigo vivi!

08/12/2006

Thursday, December 7

CCL

A | F

Porta aberta, como abertos
os braços meus que acolhem
teu corpo, queimando a lenha
do nosso amor na lareira da vida!
Janela fechada, como fechada
é a nossa relação, somos nós dois
e o resto do mundo, pois
nós inseridos nele, janela fechada!
Mão aberta, a minha que agarra
a tua, quando quero sentir o carinho
que vem de ti, calor bem quentinho
que me aquece até ao fundo da cova!
Cova fechada, o meu corpo que é teu,
pois o conquistaste por direito próprio,
és o meu vício, o meu sol, o meu ópio,
subo contigo sempre até ao nosso céu!

05/12/2006

Wednesday, December 6

CCXLIX

Malha minha

A malha de ferro que malha a pedra
retirada da rocha, roubada a esfera
de bruma que bramia em mim, meu
o esforço que força a minha caminhada
em seguir a sequência natural
da nossa felicidade fantástica!
Fugindo da fuga de gases tóxicos,
totais os danos que estes fluidos
inflingiram nas minhas energias,
já sarei esses sérios golpes fundos,
tenho agora as fontes de alegrias
a fornecer todos os nutrientes requeridos!
Por isto e muito mais te amo,
amo do meu viver és tu,
amor que mútuo respira e muito,
até que a morte morra, nós vivos!

05/12/2006