Friday, September 30

XXXV

Iceberg

Num momento de grande relevo,
surge uma alta preocupação:
o navio Paleo surge no horizonte
com toda a sua emoção!
Provoca indecisão
na mente de quem o sentiu
e não diz que não, no entanto,
a nada do que se passou.
Gostava de saber como agir
quando sou cercado
por antigas emoções
que trazem de volta inacabadas reflexões.
Tal como estas, as acções
e tudo o que relacionado
com as sensações,
perdura no mundo inconsciente!
É diferente sentir que
se atingiu a meta
do que pensar que as nossas acções
foram uma ilha deserta.
Não quero com isto dizer
que tudo o que quero falha,
mas que, nesta intricada malha,
é difícil de ti me esquecer!

14/02/2002

Thursday, September 29

XXXIV

Leipsana

Só há uma altura certa:
é aquela na qual em nós desperta
aquela força de vontade,
aquele querer escondido,
aquele sentimento contido
de viver em liberdade!
Um olhar que não esconde
sensações que já viveu,
uma alma que, por onde
quer que passe, deixe
sempre algo de seu!
Uma vida que se escapa
do controlo do vivente,
uma chama que se esvai
no mundo frio e escuro
de um Inverno diferente!
Não há tempestade maior
que a que temos na vida,
temos de tentar o melhor
que aí podemos fazer,
até descobrirmos guarida.
E, a partir da descoberta,
é só viver até morrer
e depois da vida extinta,
recomeçará outra vida
de maneira que o ciclo se completa!

04/02/2002

Wednesday, September 28

XXXIII

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Depois da extrema alegria,
senti-me deslocado
e, talvez, mudado.
Foste tu. vândalo,
que me fizeste sentir assim.
Por tal, espero que,
mesmo sem mim,
alcances a felicidade
e que não pares para pensar
nem um único momento em maldade.
Espero que o Rio Avassalador
de Nula e Constante
Optimista Repugnância
não exista em ti contra mim!
Considera-me como uma
página bela, mas extinta
da tua vida
que decerto vai ser linda!
Vive sem sofrer,
morre sem doer
e vive sempre!

29/01/2002

Tuesday, September 27

XXXII

Ciclo

A espera não me demove,
não me escondo nem quando muito chove.
A chuva das setas que te atingem,
que não te matam, mas ferem!
A morte é mais um evento desta vida
que escorre como um fio de água!
A água leva a morte e leva a vida,
mas o que ela mais leva é o sangue da ferida.
A ferida que as setas fizeram abrir
na minha pele que mais parece um jardim a florir!
A pele que chega a escorrer de tanta água,
da chuva que em mim já vi chover!
A chuva é um movimento difícil de suster,
mas, quando nós nos dispersamos,
é quando menos se espera que ela pare.
O último verso traz-nos de volta à mesma esfera,
nada mais nada menos que a "velha" espera!

18/01/2002

Monday, September 26

XXXI

Vida

Glória no campo de batalha,
a cabeça erguida
mesmo quando a missão falha.
Durante os períodos em qu'isso acontece,
o orgulho é uma das coisas
que, com tempo, se desvanece.
A luta que estás travando
contra a areia movediça
não te moraliza,
somente te espezinha!
Tens que continuar
mesmo quando sentes fome.
A fome é um prenúncio
de que o teu corpo sofre.
O sofrimento não é nada
estranho para ti,
mas o que tens de perceber
é que eu confio em ti!
Confiança inigualável, sentimento tão antigo
que nem sequer nos anais é descrito.
A chuva cai no rosto do menino
e ele não pensa no seu próprio destino!
Fado é só conhecido por alguns
que se apercebem da sua presença.
Os outros que o não vêem,
só se baseiam na descrença.
Cores que se espalham na face rosada e suave
que se diverte a abrir sorrisos na cara dos rodeantes.
O fim é mais uma destas constantes...

18/01/2002

Sunday, September 25

XXX

A corrida do tempo

O tempo corre, fugitivo!
Ninguém o diria
até essa cena presenciar.
No meio de uma cena de tórrido amor,
a morte beija a fronte de um dos intervenientes!
A cara do restante
é gélida, expectante
como se o Inverno tivesse chegado entretanto
e a face tivesse coberto com gelado manto!
Coincidências fatais
que ocorrem vezes demais
para serem verdade,
mas a verdade é que veras são!
Não se explicam,
não se aplicam,
não se esticam,
mas matam!
Norte perdido
é o fim do caminho percorrido...

18/01/2002

Saturday, September 24

XXIX

Interfaces

Sobre a superfície marinha,
o pato nadava e mergulhava.
De repente, uma onda que lá vinha
o submergiu!
Todos pensavam que se tinha afogado,
mas não!
Esperança é boa nadadora
e não há vaga que a não faça vir à tona!
Dela está o mundo tão parco,
com isso morre no charco,
de tanto nadar até se afogar!
Ao afundar-se no profundo cardioceano,
ajuda a viver quem de viver vive!
O amor é belo como a esperança,
não menos que a lembrança,
em equilíbrio com a bonança
e não mais que a sobrevivência!
Dureza que permanece no fundo
a descansar tão relaxadamente
que o seu temperamento a faz fugir
ao avistar o mínimo tormento.
A dor corta, mas foge
se é atacada
por forças externas e/ou internas
que a matam, revoltada!
O fim está próximo,
está nas seguintes três marcas...

17/01/2002

Friday, September 23

XXVIII

TrutBoagnas {4279135681011}

Brotavam perguntas
no campo da minha cabeça verdejante.
Ao tentar obter respostas,
percorro o caminho da existência dura!
Chego a uma bifurcação,
estaco confuso
sem saber para que lado
me devo dirigir!
Tomo o caminho da outra margem,
penso no que estou a fazer,
e permaneço, no entanto, confuso!
Os guichés de informações
da beira do caminho
fecham-se quando me aproximo.
Estava quase decidido
a atravessar os verdes prados
que me rodeiam e procurar mais guichés.
A razão pela qual eu não agi assim
foi o chamamento profundo que saiu de mim,
dizendo para eu me manter no trilho,
dado que as ramificações, pelo desconhecido
que comportam, são perigosas.
As minhas estruturas nervosas
não aguentam a pressão radicular
e, por vezes, são forçadas a quebrar,
causando a confusão externa!
No futuro...

01/01/2002

Thursday, September 22

XXVII

Abnormalis Empiricus

Gorado o projecto da diversão,
ganha a emancipação ariática.
Foi um sucesso, a mudança de planos,
porque permitiu que houvesse aprovação
por parte do conselho familiar.
Pode ajudar, além disso, nos momentos áridos
do 'stress' avaliativo.
Espero que esse deserto seja atravessado
com o mínimo de baixas,
quer físicas,
quer psicológicas!
Em paralelo, há o oásis da restante vida.
Não sei se hei-de duvidar
da existência da água sagrada,
sem presenciar, com olhos,
a experiência há tanto reclamada!
Essa, que, ao sorver o gelado
que é fornecido pelo mestre,
vai proporcionar o estado
de abandono terrestre,
a passagem para um mundo etéreo
onde tigres se locomovem
por entre as verdes e esplêndidas florestas
que possuem estimulantes usados
para animar quaisquer humanas festas!

01/01/2002

Wednesday, September 21

XXVI

Relvamouro

A incerteza do amor
é mais pesada que tudo.
Ir para um dos lados,
a escolha é difícil.
Tenho que passar um dia num local
e outro dia no que resta.
Como a vida são três,
ainda me sobra um
para obter a felicidade suprema!
Equívocos que passaram
e os carris do comboio, estragaram,
que tinha o destino da minha alegria,
e agora é sempre a mesma angústia.
Ir para a Madeira ou para Espanha!
Uma é totalmente estranha,
a outra seria o meu natural fado.
Vou para qual:
a ilha que pode ser deserta
ou o país onde a porta pode estar aberta?
Vou pensar um pouco
e decidir o que fazer,
porque nesta indecisão
a única coisa que pode ocorrer
é o cruzamento mortal!

09/12/2001

Tuesday, September 20

XXV

Paleo Stigme

Pára, ao mover-se,
(o ponteiro do relógio),
pensamentos!
Fixo na sua locomoção lenta,
o olhar recorda
momentos paleócronos.
Nem o indivíduo que se lembra destes
sabe por que razão eles reapareceram.
Apenas tem a ideia da situação
que ocorreu nesses instantes.
Ao apreender novamente todo
esse intervalo temporal,
permanece horrorizado
com as perversidades
que foi capaz de cometer,
usando o nome de Deus
como pretexto para tais atrocidades.
O castigo, pensa ele, será infinito,
mas não soltará sequer um grito,
pois a força que possui agora
permanece como naquela hora.
Não o faz tremer a eternidade,
porque quem já viu morrer,
já mirou a tranquilidade
com que acaba todo o sofrer de um ser!

02/12/2001

Monday, September 19

XXIV

Eleutheros Lexis

Brotavam ideias
como se me dissesses adeus.
A partida é sempre pior.
Quando não há melhor,
aceitamos a pobreza
como estado de vida.
Dorida é a existência
de chuva ácida,
melhor dizendo,
de chuva hemácida!
Corrosiva, pode causar
o apagar da luz que
é trémula até à morte.
Ao sonharmos, podemos
ver o sol a nascer
por detrás dos montes,
a iluminar evoluções correntes.
Reacções que são originadas
na mais profunda fossa,
Medo,
Angústia,
Receio,
Imaginação,
Admiração,
Naturalidade,
Alegria e
Serenidade.
Talvez o lençol que nos cobre
não seja tão fino como
o mais puro e jovem palatino.

01/12/2001

Sunday, September 18

XXIII

Acotsorm 51368724

Cores enchem o universo!
Frase banal que escrita total
não diz o que pretende dizer!
Leva-nos a reflectir
como seria sorrir
sem os lábios abrir!
Estranho talvez, mas possível,
tal como ultrapassar o obstáculo
que os árabes inventaram
e com o qual nos tramaram!
Não falo de Bin Laden,
esse que está na moda
do falatório social.
Essa que defende valores
pensa que tudo tem cores.
Não é verosímil, porque
as cores são determinações
do que pode ser infinito indeterminado.
A barreira é tão fina
que seria cortina
se para isso estivesse destinada.
Pois, a cor não implica amor
porque o amor sem cor
permanece sempre amor.
Ele é como uma constante de
equilíbrio químico, mas diferente.
Varia com um único factor,
mas, se não houver amor,
a vida é morte presente!

31/10/2001

Saturday, September 17

XXII

Narobad

Leves como um lençol friático,
os dardos numéricos
atravessam o tecido epitelial
que me reveste.
Não sinto a dor,
porque, na realidade,
a angústia a supera.
Desespero de não saber o que fazer
quando me vir nos símbolos
que me complicam a vida.
Quem me dera que se pudesse
aumentar a memória ou mudar
as questões que nos põem a mente em turbilhões.
A rapidez não é a mesma
em todas as ocasiões.
A organização dos temas
faz-se por interesse e gosto
e não por qualquer apontamento,
ordem ou decreto-lei imposto.
Depois do Sol, virá a chuva
e, completando-se o ciclo,
a planície floral
estará fantástica como nunca.
A beleza abundante da
esfera empírica da vida
que terá o raio maior que
alguma vez me foi permitido mirar!
E, nesse e só nesse momento,
posso, depois do esforço, descansar!

31/10/2001

Friday, September 16

XXI

D4n0n3

A vida é como um iogurte.
Pode ser mantida no frigorífico,
até que alguém a resolva comer.
Tem prazo de validade dado que
toda a gente tem de, um dia, morrer.
Para uns, a vida
não passa de uma escarra cuspida.
Para outros, a vida
é uma pura curte.

02/10/2001

Thursday, September 15

XX

Pré-manhã

Sentado no frio chão
da pedra de quente início,
pelo futuro esperava
e sonhava.
Depois de acordar cedo,
a melodia é o cantar dos pássaros
e a paisagem é o nascer do sol.
Felizmente que o aspecto exterior
do edifício que muda a vida
é bonito e divertido.
Claro que já congelava
no frio gélido da pré-manhã.
Espero que o país melhore
de modo a que estas situações
não aconteçam nunca mais
e que ninguém jamais
passe por coisas tais!

28/09/2001

Wednesday, September 14

XIX

Rio Neo

Um novo rio corre pelo vale.
Mostra as suas ondas,
que, de tão vigorosas,
chegam a assustar a Natureza.
Será que este rio
irá desaguar no mar?
Muitas barragens impedem
a sua progressão intensa.
No entanto, ele prossegue
entre as escarpas do vale escondido,
procurando passar despercebido
à drenagem que actua sobre ele!
A dor que suporta
é insuportável!
Todas as indefinições
o atormentam!
Ele não sabe se deve desistir,
mas, pelo menos, tem apoios
de todo o seu ecossistema.
Ele irá continuar, todo contente,
e ai de quem tente,
só por um instante, o parar!

16/09/2001

Tuesday, September 13

XVIII

Porta

A porta que é aberta
quase nunca é a certa!
Todas são aberturas similares
à da caixa de Pandora,
símbolo de curiosidade.
A esperança ficou
para salvar vidas
que, por estupidez,
iam sendo perdidas!
Levantem-se os quase mortos
e ensinem-nos a viver!

06/09/2001

Monday, September 12

XVII

Bonança

Uma nuvem escura se desvaneceu,
é sinal de que o alívio está para chegar.
Depois desse clima tenso,
a bonança esperada.
Espelho do mundo,
diz-me porque ele é assim?
Eu queria que fosse melhor!
Muito melhor!

06/09/2001

Sunday, September 11

XVI

Indecisão

Calado no meio da escuridão,
o rosto frio que gelou,
tentava chegar à solução
que nunca, nunca encontrou!
Depois da chuva solitária
dormiu e tentou perceber
se a voz que ouvia em si
o faria esquecer.
Motivos não tem para sorrir,
a indecisão pesa como um fardo
e então tem medo de sair
e, novamente, ser atingido
pelas afiladas setas do desespero.
Grita sem voz,
chora sem lágrimas,
tenta chegar a vós
e não consegue!
A muralha que o silêncio impõe
é mais forte que a vontade de esclarecer,
o seu objectivo agora é morrer!

06/09/2001

Saturday, September 10

XV

Exame

Vou vencer,
invencível vou ser!
Trazer a taça
à custa de esforço obtida,
remando contra a maré
que me tenta afundar, irada.
A força que possuo é bestial!
Somente os deuses me oprimem!
Luto com eles,
unindo-me comigo.
Travo as mais duras batalhas
a ver se chegar ao fim consigo...

27/06/2001

Friday, September 9

XIV

Lua nova

Espero por ti corrosivamente.
Derreto no sol da Dúvida.
Esta que me tem acorrentado
como se tivesse cometido um pecado.
Pecado é a dor que me atinge cruel,
indiferente ser que me despreza.
A sua presença me fustiga,
a sua ausência me ataca.
Quem me dera ser lua cheia!

30/05/2001

Thursday, September 8

XIII

Breu

Dorme, adormecida,
a alma que me roubaste.
Chora, retraída,
a dor que me causaste.
Tira os pés do chão
e voa comigo!
Mostra-me como és
e em ti acredito.
O tempo passa
e as nuvens não levam de volta
a chuva que, sobre mim, deixaram!
O nevoeiro opaco
coabita no centro do círculo sagrado.
Ouço aves e quero ir com elas,
porque, neste mundo, a permanência
não é mais do que todas
as mãos do mundo pousadas
em ardentes, muito ardentes, velas!

30/05/2001

Wednesday, September 7

XII

Noir espace

A confusão
habita o meu coração.
Sentimentos opõem-se
e lutam pela vitória.
Contra mim,
tenho entidades protectoras,
as quais devendo me ensinar,
me repelem.
Isso se deve ao receio
de ir contra princípios
recalcados no subconsciente.
E, entretanto, perco-me
no "noir espace",
na escuridão que me afaga
de modo a me cobrir
de confusão e negra cor.
Preciso de achar um peixe,
ouvinte e atento, que me compreenda
e as minhas sensações entenda.
Eu, inimaginavelmente,
não sinto dor, somente sinto
o calor das brigas
que se travam no ringue profundo,
esse, o inconsciente.
Salvem-me da perdição,
pois eu posso cometer loucuras
e, então, nesse instante,
sofrerei três amarguras!

07/05/2001

Tuesday, September 6

XI

Cura

Suspenso na noite
adorando as estrelas
pensava no dia posterior.
O futuro está perto,
mas o destino não quer
que ele a mim venha.
Portanto, a dor não será infinita
porque a mão do Fado
estará aqui para me exterminar.
A morte beija-me a fronte
e, passando sobre a ponte
que determina a voz da alma,
grito e desafino!
Não quero saber da confusão
na minha vida, quero
enfrentá-la para
permanecer escondida.
Enquanto eu não a vir,
vou, muito melhor, evoluir.
Decerto que este passo
vai ser demorado,
pois existe um agente que
o limita, o Fado.
Antes não lhe dava valor
porque o cria impossível,
mas, agora que o vi,
sei que está perto
a tornar minha existência,
p'ra sempre transformada,
num deserto.

30/01/2001

Monday, September 5

X

Tártaro

Dorme Cérbero
para eu te dominar!
É um dos meus alvos
esta grande missão
e sinto estar perto o dia
dessa satisfação.
Onde quer que haja o Fogo
eu sempre te imagino
porque preciso de conseguir
a força para resistir
à tentação selvagem de te matar,
porque só sabes amargurar
almas perdidas que flutuam
e convidá-las a no Hades entrar!

30/01/2001

Sunday, September 4

IX

Prometeu

Sou como Prometeu
que o fogo possui.
Tenho a sede de justiça,
insaciável e convicta,
para com todos os humanos.
A dor irritante que fez parte da vida
tendo como origem uma vingança,
pelos deuses, urdida.
O pranto lacrimoso
que, ao se desvanecer,
deixa a nossa alma limpa
de mágoas e sensações más
tal como se de uma enxurrada se tratasse.
Acorda, povo infeliz,
porque, tal como Prometeu,
os deuses te condenaram
a permanecer na rocha eterna
e a deixar teu fígado como alimento
para os falcões que, superiormente,
já te observam há muito
e te têm ignorado.
Será preciso haver um herói
que, semelhante a Héracles,
te traga liberdade?
Não, a vida continua
e, quando tu menos pensares,
vais reparar no chão da rua
e ver com satisfação
todos esses falcões que te comeram
morrer no inferno da solidão.

25/01/2001

Saturday, September 3

VIII

7!tan!c

Desesperado, com frio,
o meu coração bate fraco
chorando sangue.
A dor não é muita, mas a sua lança
atinge a ferida que não sara
e mata, gélida, o meu pobre coração que,
de tanto lacrimar, morrerá no tórax.
Porque é a verdade
que dói no pensamento
e, nem por único momento,
eu me esqueço desta mágoa!
E, depois, quando sinto
o coração sorrir,
volto a renascer
e sinto que, assim,
aprendo a viver.
A dor como professora da felicidade
que deixa meu pomo bombeante
no melhor instante que pode haver, morrer...
E, então, eu, corajoso,
rio e brinco,
dentro desta imensa dor
em que me encontro...
O sol que não renasce em pleno dia,
transforma-se na lua que me ouvia,
e que agora me abandonou,
me deixou preso ao barco que
se afunda no meu ser!

15/01/2001

Friday, September 2

VII

Fantasia

Dormindo sobre as nuvens
do teu sorrir,
pastava uma manada, estou a sonhar,
de pensamentos!
Sendo a manhã povoada de amores,
todos esvoaçando livres
com tantos tons e cores,
radiosa Afrodite
que me tens atraído
para eu então ser alvo
da seta de Cupido.
E, quando tu despertares
das planícies perdidas,
vais pensar em mim
e nas nossas vidas esquecidas.

04/01/2001

Thursday, September 1

VI

Chuva

Chora lágrimas
como quem não quer que,
estando sempre a chover,
esteja sempre a padecer.
Quando o sol vem apertar-lhe a mão,
o coração bate, bate de emoção!
A revolta que vem
de dentro do seu ser
é apagada pela luz
que vê durante o jogo.
Decorrendo no coração,
o jogo acaba:
a vitória é da dor
que, como sempre, o arrasa.
Pensando, pergunto:
O que o faz viver mais?
É a dor que lhe traz felicidade.
Porque o deixam chorar?
É ele quem diz que
o sol vai chegar.
E o sol que perturba
o frio do Inverno,
é, para ele e para todos,
um amigo eterno.
E a chuva que cai
não lhe provoca a dor,
é a portadora eterna do
sofrimento e da dor.
Como um veículo que anda
veloz na sua estrada,
a vida só lhe causa
a ruína arrasada.

04/12/2000