Friday, April 17

CCXCVI

Manual de instruções

Vou completando o caminho
até o mais profundo do teu ser,
vou conhecendo cada livrinho
de instruções não exactas,
tentando ler através deles
as minhas próprias limitações,
em processo mais que espelhado,
reflexos de uma luz que brilha
tão forte, foste tu que a acendeste,
que ateaste a imensa fogueira
que nem a chuva mais forte
podia apagar agora, jamais!
Conseguiste pôr-me a cozinhar,
transmissão directa de um amor
que vive fortalecido pela mútua
conquista diária dos sentidos,
afinal animais devemos ser,
basta sentir o teu intenso aroma
para ter uma reacção instantânea
de estimulação espontânea
de todas as células e glândulas
que o meu, também teu, corpo possui!
Brotam as palavras desta caneta
e eu não as quero prender nem
esquecer que tenho este dom meu,
para poder escrever o que sinto
a cada momento inspirado que tenho,
vertiginosamente me deixo cair
em pensamentos que formam um lago
onde te encontro e lento nado
em meio do teu olhar fixo em mim
e na sensação de que me abraças,
não no lago, mas nesta nossa cama!
E quero dormir uma outra noite
nos teus braços, ao teu redor,
envolvendo-te qual película protectora,
contra qualquer criatura que fora
dessa película se mantém frustrada,
não vês que daqui não levas nada,
é o meu txuku e não vais chegar
a tocar-lhe, pois de noite eu vigilo
por que ele durma bem, comigo,
assim que podes ir dar uma curva
e deixar a noite tranquila e escura
para somente nós, um par de ursitos!

16/01/09

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