Monday, April 24

CXCVII

Frutos e sonhos

Serão os sonhos avisos,
as noites sem dormir, atento
ao que se passa mente adentro,
tentando descobrir sorrisos
da alma que me levem em frente!
Não sei se será justo
estar contigo e ao mesmo tempo
pensar em estar com outros,
porque eu estava aprendendo
a ter solo os meus momentos!
Estou dividido entre duas decisões,
entre a carne e o peixe, ilusões
eu tenho em relação a esses dois,
vou-me decidir por um deles
e se erro, como me sentirei depois?
São tantas perguntas que nem eu
sei responder, tu foste meu e eu
fui teu, mas escolheste perder
a minha companhia, de forma tola,
e agora voltas e agora a roda rebola!
Gira, dá voltas essa roda
e eu me entrelaço na confusão
de sentimentos e pura razão
que me têm preso à prisão
de noites sem dormir, na cama!
Eu disse que sim, mas não seguro,
tens que tornar este fruto maduro
para que eu me sinta confiante
de que vale a pena deixar a carne fumegante
para escolher o peixe fresco, preso no anzol!


24/04/2006

Sunday, April 23

CXCVI

Mancebo de lá

A chama que irrompe
dos canais intricados
do meu profundo ser
é negra, carnal e dura,
se espelha, se confunde
com os meus medos enterrados!
Receios tão pérfidos
que voltaram de visita,
me retiraram a escrita
e só ma devolveram hoje!
E neste dia porque soube
da verdadeira verdade,
porque descobri o oculto,
encontrei o escuro vulto
do que foi e não do que é,
feliz o mancebo agora é!
Entendo e apoio esse ser feliz,
mas porque não foi comigo,
porque não seria eu o que quis,
não seria eu o seu quente abrigo...


21/03/2006

Saturday, April 22

CXCV

Cavaleiro de carvão

Estou com a coleira
mas não sou cão,
só se for dos infernos,
pois meus pensamentos internos
fazem lembrar a negra erupção,
aquela que irá devorar a terra inteira!
Vi o que não queria ver,
vi a mentira debaixo do tapete,
vi o tratamento indiferenciado
de que foi alvo o rapazinho inocente!
Que tristeza me dá esse facto,
de ver que ele afinal está intacto,
apesar de me destruir as ilusões
e de deixar à deriva as minhas emoções!
Ainda lhe desejei felicidades,
deveria ter cumprido com a minha obrigação,
acabar com tudo, agora, p'ra sempre,
fugir na carruagem negra, morto carvão!


21/03/2006

Friday, April 21

CXCIV

Onde estiver

Forte, a ventania
que se impõe no dia
que é especial
por ser tão normal!
Aquece o rosto
a vontade de sorrir,
esfria o coração
na ânsia de se partir!
E há muitas coisas
que se dizem, que se falam,
mas que, ao vê-las,
se escondem, se calam!
Eu aqui pensando em ti
sem poder estar contigo,
sem poder ser agora teu,
sem conseguir dar abrigo
ao amor que não é meu,
mas é dele, do amigo!
Por isto tudo escrevo
e tenho muito medo
de que o que penso
se venha a realizar!
Quero, sem dúvida,
esta ideia exconjurar,
visto que é egoísta,
felicidade me traria,
mas o outro iria chorar,
consumir-me em chama
negra, de tão escura
a sua vida se haver tornado
e eu aqui imaculado,
cheio de ideias tão erradas,
mas com a minha alma pura!


11/02/2006

Thursday, April 20

CXCIII

Leitaria

Encontro um caminho
que não me deixa ter
duas opções, ou uma
ou outra, as duas nem mortinho!
Uma é a jaula feliz,
a outra é a selva feliz,
como são elas iguais
e contudo diferentes demais!
É difícil conjugá-las,
pois a jaula não foi feita
certamente para estar aberta,
nem a selva foi criada
para manter a fauna aprisionada!
É no entrar e sair que está a virtude,
por isso vou preferindo a selva,
deixo-me manter a minha atitude
e concentro-me, como cavalo, a comer a relva!
Desde que a coma bem e que ma deixem comer,
é nisso que vou focando o meu viver,
momentos puros e selvagens de prazer,
na selva livre, aquela em que o leite
de todo e qualquer lugar parece escorrer!


16/01/2006

Wednesday, April 19

CXCII

Eceaia

É mais fácil destroçar
um coração frágil, desarmado,
que por tanto te amar
se esqueceu de vigiar a porta, relaxado!
Cada tremor que o meu corpo sente
é sinal do vulcão imenso, fervente,
que entra em erupção, agora,
de lava deixa sair lágrimas, chora!
Entendo que não entendas,
mas é pena que te rendas
ao mais fácil que há na vida:
deixar de sonhar com a terra prometida!
As nuvens voltarão de visita,
enquanto a emoção dentro palpita,
pula, enlouquece com o louco que sou,
podre de situações, sim, terminou!
Interessante sou eu, sei que sim,
não preciso que mo digas a mim,
porque, se há pessoas que me adoram,
essas nunca em deixar-me pensaram!
Agora só tens que ser feliz,
livraste-te do fardo que era eu,
espero que encontres o caminho teu,
sorri, que isso eu sempre ver quis!

11/12/2005

Tuesday, April 18

CXCI

Fortius invernalis

Os dias vão ficando escuros
e os sentimentos mais puros,
à medida que me fazes falta,
meu amor, me fazes falta!
Na fé de estar junto a ti,
é nela que me refugio, quente,
protegido do gelo de te perder,
esquecido de como, sem ti, é viver!
E os dias passam todos os dias,
entre as ruínas de coisas idas
e as construções de coisas vindas,
é por te amar que surgem minhas alegrias!
Estou aqui, pensando no calor do teu coração
e tentando forçar a minha imaginação
a me mostrar mais real o estar abraçado,
nos teus braços, qual teia de aranha, enredado!
E a chuva que não cai lá fora
sabe bem o quão inútil é agora
tentar ferir-me com o seu veneno,
porque forte, pelo amor, estou pleno!
Era preciso o universo se rebelar
e mesmo assim não seria capaz de derrubar
o colosso de diamante que sou eu,
agora que tu, meu ursinho, és meu!
E venham as tempestades furiosas,
e venham os mares a bramir,
venham as entidades mais poderosas
que eu estarei cá para resistir,
porque mais forte que eu banhado em amor
não há, no universo, seja onde for!


08/11/2005

Monday, April 17

CXC

Simples saudade

E é neste dia chuvoso
que penso mais em ti,
penso no amor carinhoso
que temos para compartir!
Devemos ambos ter saudades,
daquelas que não se esgotam,
porque afinal estamos longe
e os braços não se tocam!
Eu sinto-te aqui, mas aí,
porque queria estar contigo,
meu amor, é assim por ti
o que sinto, tu és uno comigo.
Queria de novo explodir
de prazer, amor e emoção,
porque te vejo a entrar e sair
do meu corpo, promovendo a união
de nossos corpos em um só,
e chegando ao céu do amor,
das estrelas más apenas resta o pó!
Destruídas foram pelo amor
que um pelo outro consolidámos,
consumámos e iniciámos,
não lhes coube nada mais
que a evaporação, nada mais!
Eu quero viver a teu lado,
junto de ti, aprisionado
voluntariamente pelo teu carinho,
contigo não me sinto sozinho,
é do teu amor, do nosso amor
que respiro, ar que entra
nos pulmões do coração,
ele, aliviado, respira
e canta todos os dias em tua honra
uma bonita e doce canção,
é para ti, Fran, meu amor!


16/10/2005

Sunday, April 16

CLXXXIX

Ramorfan

É triste não poder exprimir
o quão feliz me estou a sentir,
porque aí o mundo veria
quão brilhante pode ser a luz do dia!
O amor por ti me reconfigura,
sinto-me a ter uma outra estrutura,
entendo a alegria extrema,
vivo com a força do coração, plena!
Dás-me mais do que já pedi
e menos do que ainda quero, de ti
tudo o que chega até mim
são rosas de cor carmim.
Carmim como o sangue,
que corre nas veias,
agora é a hora de
tecer como aranhas
as nossas bonitas teias!
Enrolar-me nos teus braços
e não pensar em mais nada,
deixar reforçar os laços
que me unem a ti, ursinho,
aquele que és e mais nada.
Pensava não poder exprimir
tudo aquilo que hoje sinto,
mas afinal é fácil deixar sair
tudo o que do coração flui,
essa é a verdade, te amo muito.


26/09/2005

Saturday, April 15

CLXXXVIII

Casos de jejum

Há casos em que me sinto
oprimido pelo apertado cinto
da pressão social, que me faz
sentir como um vulgar rapaz.
Há casos em que não valho nada,
em que algo de acção desejada
se esfuma na preguiça instalada,
e eu, com a vista, na vida parada.
No entanto, ela melhora agora,
tenho o meu ursinho Fran,
não podia pedir mais, embora
ainda não tenha acordado abraçado a ele,
numa linda, alva, doce manhã!
Ele faz-me falta, necessito do
seu abraço aconchegante, do
seu beijo apaixonado, do
amor que ele tem por mim!
A distância dos dias
não é demasiada, apenas
incomoda, porque queremos
os dois rebolar na paixão,
nos imensos campos de flores
coloridas de cada coração,
um e outro, juntos como um,
batendo compassadamente,
calma, mas apaixonadamente,
ó meu ursinho, meu amor,
não me deixes sem o sabor
do pão que é teu corpo, nunca
me deixes da tua alma em jejum!


18/09/2005

Friday, April 14

CLXXXVII

Se a vida gira e roda
qual fita larga de filme,
então porque insisto que fique
tudo igual, se vá tudo embora?
Quando me auto-analiso agora,
há coisas que entendo facilmente,
outras que há gente que as adora,
ainda umas que batem de frente
com os princípios, vaga aurora
que povoa a consciência-mente!
E sou levado a pensar que sou
menos do que julgava ser, mas
sempre é mais o que dou
e sempre guardo nas memórias
os beijos, carícias, abraços, fodas,
o que, até hoje, comigo se passou!


25/08/2005

Thursday, April 13

CLXXXVI

M-NARF

Neste dia pude perceber como
a vida é capaz de trazer
coisas tão boas, tais como
aquelas que te dão prazer!
Mas não foi apenas isso hoje,
foi captar paz e interiorizar
que aquilo que se passou hoje
ficará na memória, não dá para apagar!
Adorei poder ter estado contigo,
disfrutar de alma e corpo de ti,
estar deitado na cama contigo
foi onde, envolto em alegria, me perdi!
Razão tinha eu em querer ver-te,
sei que nunca vou poder ter-te,
mas também não era isso que eu
desejava, quero ver-te feliz com o teu!
Folhada a superfície do teu corpo,
pelo-folha te cobria por todo ele,
senti-me protegido, estando pele com pele,
não há mais a dizer, gordi, te quiero!

17/08/2005

Wednesday, April 12

CLXXXV

Numa tarde de lua quase cheia,
o vitelo mamava na sua teta favorita,
deixando a sua vaca mãe bonita
contente, feliz, satisfeita!
Ela, que o deixava mamar
sem pressa, abanava a cabeça
em sinal de assentimento e,
de vez em quando, soltava um
gemido, do prazer de ver
seu vitelo a sua teta chupar.
Ele espera voltar a vê-la,
à mãe vaca e à sua teta,
para poder mamar leite mais,
para saber o que é bom na vida,
para atingir prazeres totais,
não quer, de modo algum, perdê-la!

16/08/2005

Tuesday, April 11

CLXXXIV

E a areia vinha em direcção
a mim, como onda branca granular,
dizendo-me que sim, é possível voar
para os braços de quem tem teu coração!
No entanto, e mesmo na praia,
local precioso, mágico, excitante,
é possível ficar sozinho, não saia
da toca o coelho que mais quero!
As micas brilham em consolo
e eu pensando em estar tranquilo,
naquele tão desejado fofo colo!
Tentei a minha sorte neste dia,
ia sendo sem remorsos agredido,
mas o que realmente dói todavia
é a mágoa de sozinho isto ter vivido!

30/07/2005

Monday, April 10

CLXXXIII

Rua da alma, só esta mesmo,
vazia e calma, como um ermo,
sonhava distante, pensando em ti,
voava constante, sentindo-me assim!
Não escrevo a vida, mas tento
escrever o coração que tenho,
o meu que te dou sempre,
aquele que é teu, presente!
É escassa a onda forte
que não rebente em terra,
como escassa é a sorte
minha, nesta romântica guerra!
Mas não perco o ânimo,
nem perco o doce carinho
que guardo com destino
de to dar um dia, meu fofinho!
Não sei para quem escrevo isto,
mas ele decerto me encontrará
e todo um momento me abraçará!

30/07/2005

Sunday, April 9

CLXXXII

Provas torpedo

Provas fúteis de que há memória,
é do que é, será e foi feita a história,
mas eu sei que não tens toda culpa,
que a vida prega partidas que não
esperas, que nunca a tua mente
pensava descobrir, nunca descubra!
Completa as peças diárias da vida,
como se não houvesse a fúria devida,
como se a calma ficasse esquecida
onde nunca talvez quisesse
ficar, pobre ela, ali envolvida!
Talvez necessites de gritar mais,
ou que a vida te ajude mais,
ou que os sentimentos se tornem mais
claros, todavia no zoo os animais
se assustam com os visitantes mais
do que com as feras, ferozes mais!

08/07/2005

Saturday, April 8

CLXXXI

Trovão-raiva

Quando há alturas de tensão,
não há como não explodir,
bomba forte, dura, quente,
é o que se mete na gente
quando há alturas de tensão!
Guarda a energia em ti, agora,
mas não deixes de prever antes
que da raiva não se sente a demora,
ela vem como se nunca tivesse ido
e a mágoa que sentes depois
é apenas a face visível do prurido.
Pondera os gestos e aí vais saber
o que estou, agora, a tentar dizer,
mas, por mim, tu não deixes de ser,
que o melhor da vida é viver!

08/07/2005

Friday, April 7

CLXXX

Ondas internas

Tal como as ondas do rio,
as minhas emoções dançam soltas,
sentindo-me perto da viagem.
Só falta adquirir a passagem,
pobres emoções, flutuam loucas
eu espero por ti, para te ter mio!
Sei que te vou ter, já perto,
a estrada que me levará aí
não terá nada a ver
com o que vivo no dia-a-dia,
não é presente assim o deserto!
Escrevo isto a andar, a letra
sai torta, mas o que nunca
a emoção por ti, morta!

05/07/2005

Thursday, April 6

CLXXIX

Sopra o vento interior

Vento na minha derme,
tão fundo chegas em mim,
superas a camada superficial,
és, de todos modos, sem igual!
E tortura imperdoável
é a de manter longe, sim,
tudo o que sonhei até agora,
vivendo amando, indiscutível!
Não te vejo como um verme,
destino impiedoso, duro, vil,
mas não há dúvidas, ganharias
mais se comigo fosses gentil!
Assim vejo-me forçado
a derrotar as tuas cavalarias,
infantarias, exércitos, armadas,
vingança fútil de almas danadas
como a minha, que te desacredita
sempre, hoje, porque incita
ao desrespeito por ti, malvado!
Peço-te que me mostres
casamento ou divórcio,
com anel ou solteiro estou,
mas nunca menos lhe dou,
quem merece, tu, honras recebe,
não há espaço para o remorso!
Vive, amigo d'outrora meu,
encanta esse mundo de breu
e com a luz que não se apaga,
transforma em paz a mor praga!
Quando as palavras querem sair,
não no mundo há que as contenha,
nem dos altos mundos o vizir,
nem dos baixos mundos a desdenha!

01/06/2005

Wednesday, April 5

CLXXVIII

Vida louca, cansaço

Como pode da doença a insanidade
revelar-se uma fonte constante
e rotineira de sofrimento e
loucura, completa dor intensa!
Ela sofre com a situação e eu,
como posso agir, tudo o que possa fazer
não ajuda em nada, continua a correr
esse líquido diário de fel!
Por favor, que seja resolvida
essa questão, em prole da vida
da minha mãe mais querida,
precisa de ser libertada, desprendida!
Ninguém dá valor ao que eu faço,
diz ela em desespero por esse momento viver,
mas a verdade é que ninguém pode esquecer
o tudo que ela fez, faz e fará, cansaço!

20/05/2005

Tuesday, April 4

CLXXVII

Amese

A vida anda à roda,
e a roda que gira no peito
enrola-se de um jeito
que nem eu entendo, que foda!
Mas tudo bem, eu vivo,
descrevo um círculo semi-aberto,
entendo que feliz estou perto
de ser, tendo ou não meu abrigo!
E agora que penso em avançar,
não chega a coragem para lançar
um grito de raiva, fúria, ira
para com o ciclo que hoje termina!
Sempre acreditei que evitaria
indecisões maiores, graves, imensas,
para longe delas contigo fugiria!
E agora fiquei sozinho, comigo...

10/05/2005

Monday, April 3

CLXXVI

ADPJ

Ao ouvir poéticos mortos,
eis que surgem ganas de escrever.
Que faço eu? Simples,
pego na caneta e começo a verter
emoções borbulhantes do meu ser.
E eis que entendo a razão
que me levou à rápida decisão
de estar com vós, contigo, em Vigo!
Há momentos n'os quais
impulsos nos levam a realizar
acções julgadas loucas p'los demais!
E depois de concretizadas
essas tarefas, proezas, provas,
a vida flui de cada veia
como se fizesse falta
deixar sair, libertar
a torrente de luz, cheia
de bons sentimentos.
Agradeço-vos de coração,
porque em dois dias me
elevaram os pés do chão!
Há momentos n'os quais
a pressão interna é tanta
que enche os vasos da garganta
e quase sai um grito
de vitória, louco de glória
por haver vivido momentos
tão, mas muito, especiais!

30/05/2005

Sunday, April 2

CLXXV

Pedras

Por acaso se quebrou o cristal
e em pedaços cintilantes o senti quebrar,
é a falta de luz a reflectir,
é a central do amor a falhar!
E a vida que viria de ti
é aquela que me resume a sobreviver,
e os sonhos que surgem quando não os desejo
são imagens que não se podem reter!
D'onde saíu esta nuvem negra em mim,
decerto daquele buraco que se abriu carmim
no meu coração insistentemente instável,
por favor, façam com que bata saudável!
Ritmo extasiante tinha ontem, o perdi
hoje, visto que, ao pensar em ti,
imagino que te magoe a minha ausência
e a mim a tua demorada falta de presença!
Acordo agora agoniado de um sono acordado
e vejo que ainda aqui não chegaste,
não sei que fazer, se há quem te afaste
de mim, de nós, de tudo o que foi sonhado!
Solitário, por decisão e por circunstância,
perservero na minha única certeza imediata,
não solto a corda deste amor por nada,
não cairá do precipício, nem pela distância!

10/02/2005

Saturday, April 1

CLXXIV

Pomo

Colhendo frutos
fui te encontrar
doce, suculenta
no pomar da paixão.
O tempo estava bom,
mas chovia.
Seriam lágrimas
ou puro suor?
Suor seria,
o conjunto esforço
assim o causou.
Depois da suprema elevação
só quero pegar no coração
e esvaziar seu conteúdo em tua alma
para que inundada estejas
pelo meu hercúleo amor,
o qual arde para sempre.
Colhendo frutos
doces e suculentos
fui te encontrar
no vale da solidão.
Cinzenta parecias
e o sol brilhava.
Seriam sorrisos
ou farpas aguçadas?
Sorriso nunca,
ambiente tenso
jamais os criaria.
Nesse choro visível
estarias em eterno
se eu, movido pelo Fado,
aí não chegasse.
Voltei e tu,
onde estás?