CCCII

Sexo mais fraco

O sexo não é tão importante
quando se maneja algo semelhante
ao que temos em nossas mãos!
Há que saber esperar o momento
em que as estrelas do firmamento
brilhem mas que nunca, corações!
Ano novo, vida nova mais velha,
seguimos alumiando com a candeia
que nos leva a estar sempre juntos!
Compreendo a vitória por pontos,
não esquecendo a alegria dos tontos
que à sua maneira vivem esse amor!
Um amor que não revela nada,
nada mais que uma intensa felicidade,
quase utopia, por muitos imaginada!
E quando pensas que estás mal,
pensas de novo no teu parceiro total
e sabes que nunca estiveste melhor!
Nem quando morres feliz,
nunca sentiste esse roçar do giz,
num quadro negro como o carvão!
Negro da alma, resíduo combustível
de um coração que carbura
a uma velocidade ultrasónica!
Viajo mais rápido no tempo e espaço
quando penso em ti, meu pedaço
de perdição permanente, pertenço
a um ponto particular do planeta,
possuído por uma percepção
plurisensorial que participa dos
perímetros pulmonares que passo a passo
permitem que possa perder-me,
pobre, porém rico por ser propriedade
tua, posso perder-me em ti, potente
presente potestade perene do pomar
pujante, esse és tu, meu pequeno príncipe!

09/02/09

CCCI

Lugares pós-tricenténios

Há lugares que a verdade
desconhece porque ela procura
ser absoluta e no nosso caso
não existe nada absoluto, senão
uma total plenitude de amor,
que não necessita jaulas nem
prisões nem ditadores nem ladrões,
apenas eu e tu conformando o mundo
ao nosso desejo, mais pequeno
ou mais grande, consoante a decisão
nossa, irrevogável, lei máxima!
Somos nós que mandamos aqui,
fazemos as regras à nossa medida,
de acordo com a nossa própria vida,
esquecendo os sentimentos negativos
como qualquer bolsa num autocarro,
mas por nossa parte intencional,
visto que queremos alegria e como tal
necessitamos a companhia mútua
e o querer viver cada belo dia
ao compasso dos nossos corações ardentes!
Nem sequer passa por nossas mentes
um resquício de dúvida, um sopro
do vento da discórdia, um corpo
que morre sem ter ar para respirar,
isso não está presente no universo
da nossa relação, onde reina
a confiança e a esperança
de poder viver sempre um com o outro!
É a vida que gira em nosso redor,
ela lua dependente de nós Terra,
o que nós não queremos, ela enterra
bem fundo invisível aos nossos olhos
pois sabe que não aprovamos
sensações negativas, vibrações nocivas
ao bem estar que diariamente respiramos,
dá-me vida, meu amor, como tens dado
e atá à vida lua certamente vamos!

26/01/09

CCC

Caneta apoiada

Pego na folha e encosto a caneta,
nem sei que palavras sairão
desta experiência mística de ligação
ao meu amor, que chegará agora!
Peço de forma insistente e suave
um carinho seu, mas nem faz falta
pedir pois ele mos dás de livre
e espontânea vontade, tanto é
o carinho que me tem, pois é,
sou seu ursinho para o que der e vier!
Preparei uma gelatina hoje,
tentei agarrar o sol que foge
de nós, mas ele não se deteve,
visto que estava atrasado, ele
tinha um encontro tão secreto
com a lua, tinha prometido que
a levaria a ver-nos, como nos amamos
libidinosamente um ao outro, que
nem faz falta pedir nada nem pegar
num chicote para açoitar a tristeza!
Momentos similares ao sol ocorrem,
mas soubemos até agora agarrá-los
bem, sem temer a represália de ninguém,
tentando não despertar a ira da lua,
sem lhe pedir perdão eterno
nem pegar-lhe nas costas a etiqueta
de má amante, ó lua, aprende de nós,
pois te vejo sempre sozinha no céu
e embora se diga que detrás de ti
o sol se esconde, se o amaras
tanto como eu amo o meu marido,
sabias que é terminantemente proibido
manter o teu amor à margem de tudo,
por uma ou mais noites, abraça-lo,
porque qualquer um quer carinho,
eu vou ter o meu agora, sozinho
deixarei de estar, chega o meu marido!

22/01/09

CCXCIX

Túnel de jasmim

Existir seria uma mera casualidade
se eu não tivesse comigo a felicidade
de te conhecer, de sentir o teu apoio,
de ser separado como trigo do joio
deste mundo que às vezes me deseja
e outras em cima de mim tudo despeja!
Uma vez me disseram que fui poeta
numa outra longínqua vida completa,
mas não sei se se referiam
ao facto de que feliz sabiam
que eu ia estar não tão longe
no tempo, segui caminho como monge!
Entrei no túnel, molhei os pés,
decidi não pedir exigente que me dês
todo o amor que não me podes dar,
preferi receber o reconfortante amor
que demonstras a cada belo dia
nesta vida tua e minha, aleluia!
Todo o rio desagua num mar,
eu quero ser rio e desaguar
no leito agradável do teu corpo
aberto a todo o meu grande corpo,
um no outro, bem aconchegados,
verás que não ficaremos nunca gelados!
Um grande momento para mim
foi conhecer-te, meu amor, jasmim
do meu jardim, vive sempre
comigo, tenta respirar sempre
ao meu compasso, te amo muito,
te desejo muito e te admiro muito!

21/01/09

CCXCVIII

Aliança e longevidade

Com o anel que me puseste,
ganhaste a longevidade cipreste
do meu amor, se é que não a tinhas!
Esperava toda a minha vida
por viver inclusivé um momento
tão bonito como os que já vivi
contigo, meu amor sem tormento!
As penas esquecidas continuam
tão enterradas que as substituem
a cada dia, para ver se resistimos!
Prefiro dizer que te amo bem alto,
porque não há no mundo um assalto
tão grande como o coração meu,
mo roubaste legitimamente, meu céu!

21/01/09

CCXCVII

Gordo bom

Gordo é o anel que uso agora,
gordo é o momento contigo a qualquer hora,
gorda é a rocha que nunca se deteriora,
gorda é a sensação boa que não se vai embora!
Poderoso o tufão que me agita,
poderoso o óleo teu que me frita,
poderoso o corpo teu que me excita,
poderoso o amor que até levita!
Meu o caminho que devo seguir,
meu o carinho que de ti vejo vir,
meu o corpo que para ti devo despir,
meu és tu, porque me fazes existir!

21/01/09

CCXCVI

Manual de instruções

Vou completando o caminho
até o mais profundo do teu ser,
vou conhecendo cada livrinho
de instruções não exactas,
tentando ler através deles
as minhas próprias limitações,
em processo mais que espelhado,
reflexos de uma luz que brilha
tão forte, foste tu que a acendeste,
que ateaste a imensa fogueira
que nem a chuva mais forte
podia apagar agora, jamais!
Conseguiste pôr-me a cozinhar,
transmissão directa de um amor
que vive fortalecido pela mútua
conquista diária dos sentidos,
afinal animais devemos ser,
basta sentir o teu intenso aroma
para ter uma reacção instantânea
de estimulação espontânea
de todas as células e glândulas
que o meu, também teu, corpo possui!
Brotam as palavras desta caneta
e eu não as quero prender nem
esquecer que tenho este dom meu,
para poder escrever o que sinto
a cada momento inspirado que tenho,
vertiginosamente me deixo cair
em pensamentos que formam um lago
onde te encontro e lento nado
em meio do teu olhar fixo em mim
e na sensação de que me abraças,
não no lago, mas nesta nossa cama!
E quero dormir uma outra noite
nos teus braços, ao teu redor,
envolvendo-te qual película protectora,
contra qualquer criatura que fora
dessa película se mantém frustrada,
não vês que daqui não levas nada,
é o meu txuku e não vais chegar
a tocar-lhe, pois de noite eu vigilo
por que ele durma bem, comigo,
assim que podes ir dar uma curva
e deixar a noite tranquila e escura
para somente nós, um par de ursitos!

16/01/09

CCXCV

Pó sedimentar

Sobre o pó que tentamos limpar
existe uma camada de emoções,
momentos gravados, canções
que soam eternamente lindas,
a vida minha contigo, a tua comigo,
nem sempre estamos de acordo,
mas sentimos ambos o mesmo essencial
prazer da mútua companhia,
estamos dinamicamente habituados
a juntar as infinitas moléculas
que compõem os nossos corpos,
de noite nus, um contra o outro,
voando nos céus pré-matinais,
esses que só os sonhos povoam,
esses que apenas se deixam
observar pelos enamorados,
loucos de desejo continuamos,
com a ânsia de absorver fluidos
por cada poro da nossa pele suada,
faz-me gozar, meu amor, sempre!
Completa o círculo do qual
meia lua sou, esperando-te
meia lua, meia laranja, meia batata,
te comeria até saciar a minha fome,
mas como esta é insaciável,
terei que comer-te, saudável
estarei sempre, visto que és nutriente
e és meu amante das noites frias
e suor matinal quando quente
se torna o clima, debaixo dos lençóis!
Celeste aurora ursino-boreal,
quero que sejas fenómeno eterno
na minha existência mera e vívida,
sei que queres o que quero,
fazer parte, como eu, da nossa vida!

15/01/09

CCXCIV

Furacão dos Himalaias

Às vezes não consigo explicar
todo o furacão de sensações
que tenho dentro, o sol que brilha,
juntamente com ele o pintas tu,
com cada olhar que me diriges,
sinto outro tipo de furacão
que me leva longe da pressão
interna, a que sinto em silêncio,
visto que não tenho completo
saber racional sobre ela!
Existem momentos em que apenas quero
estar em casa, um certo perigo
inexplicável vagueia pela rua,
e eu fico no lar, bonita hora
para pensar em ti, para entregar
o meu tempo a cuidar do ninho,
cada dia que passa sozinho
não estou nem me sinto assim!
Nem sempre o braço se estica
para apostar as fichas adequadas
para ganhar o jogo este,
mas a intenção que fica dentro,
em silêncio, é tão forte
que derreteria os Himalaias,
derrotaria impérios indígenas,
que nem a natureza sábia e forte
saberia vencer com as suas armas!
Sei que sou estranho e complexo,
mas quero tanto estar contigo
que procuro simplificar ao máximo
a equação exacta da nossa vida,
tento resolver rápido as incógnitas,
procuro minimizar o erro sistemático,
não ponho o piloto automático
para viver o sentimento amor
por ti, porque esse mero instrumento
não teria nem metade das coordenadas
necessárias para o teu coração,
as que memorizei eu então, no dia
primeiro que te vi, soube que tu
eras quem nunca tinha imaginado
encontrar, pois nem o mais belo
ideal se aproxima ao modelo real
de amor verdadeiro que és tu
para mim, o teu osico, maite zaitut!

14/01/09